Com mais de 200 anos de história, começa nesta quarta-feira, na cidade histórica de Cachoeira, no recôncavo baiano, a Festa da Nossa Senhora da Boa Morte. Todo ano, no mês de agosto, a festa une religiosidade e tradição popular em uma celebração afrobrasileira.
Organizada pela Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte, que conta apenas com a participação de mulheres negras, a comemoração ancestral tem tanto valor que é reconhecida como patrimônio cultural imaterial brasileiro.
A Irmandade secular tem suas raízes na devoção a Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora da Glória, santas católicas, e também na ancestralidade do povo negro.
A programação começa nesta quarta com o dia dedicado às irmãs falecidas. As mulheres se vestem de branco e saem em procissão carregando a imagem postada sobre um andor, rumo à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário.
Na quinta-feira, com a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, as irmãs saem da sede da Irmandade em procissão noturna. Carregam velas, entoam cânticos durante o cortejo e fazem menção à dormição de Nossa Senhora.
Em Salvador, a devoção à santa é registrada desde o séc. XIX, com a criação de uma Irmandade exclusivamente feminina, na Igreja da Barroquinha.
A transferência dessa Irmandade para a cidade de Cachoeira se deu por volta de 1820. A devoção surgiu vinculada a um pedido feito por africanas à Nossa Senhora da Boa Morte pelo fim da escravidão.
A festa da Boa Morte se prolonga até o domingo, com muito samba de roda e uma farta ceia durante os cinco dias.
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