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Cientistas alertam para o perigo iminente de um blecaute da internet mundial

Uma equipe de cientistas da George Mason University, em Virgínia (EUA), vem emitindo alertas sobre o crescente aumento da atividade solar, destacando a possibilidade de uma tempestade solar violenta provocar um “apocalipse da internet”. Peter Becker, professor do Departamento de Física e Astronomia da universidade, ressaltou que tempestades solares mais intensas e frequentes são esperadas nos próximos dez anos, alertando para um período crítico entre 2024 e 2028.

Eles enfatizam que a internet não foi projetada para lidar com tal nível de interferência e em caso de uma tempestade solar extremamente intensa, a internet global poderia ficar offline por semanas ou meses.

Com as tempestades solares sendo eventos imprevisíveis e com o ciclo solar atual prevendo uma atividade máxima em 2025, os cientistas alertam para os riscos inerentes a esses fenômenos, ressaltando a necessidade de medidas preventivas e de preparação para possíveis impactos nas infraestruturas tecnológicas e econômicas globais.,

Em 2020, no início do atual ciclo solar, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) reuniu diversas instituições científicas para acompanhar o comportamento do Sol. As previsões iniciais indicavam um ciclo relativamente estável, mas o que se observou foi o contrário: um aumento expressivo nas manchas solares, sinal claro de maior atividade.

O ciclo solar, que dura em média 11 anos, é dividido em 3 fases principais:

  • Mínimo Solar: quando o Sol apresenta pouquíssima atividade;
  • Máximo Solar: o período de maior intensidade e frequência de erupções;
  • Declínio: fase em que a atividade começa a diminuir até o próximo mínimo.

Monitorar essas manchas e erupções permite prever tempestades solares com dois a quatro dias de antecedência, dependendo da velocidade das partículas expelidas. Esse curto prazo de alerta, no entanto, é um dos grandes desafios enfrentados pelos cientistas.

Uma ameaça à era digital

Segundo o professor Peter Becker, da Universidade George Mason, “a Internet atingiu a maioridade numa época em que o Sol estava relativamente calmo e agora está entrando em uma época mais ativa”. Ele lembra que uma supertempestade semelhante já ocorreu em 1859, conhecida como Evento Carrington, mas há um agravante:

“É a primeira vez na história da humanidade que há uma interseção entre o aumento da atividade solar e a nossa dependência total da internet”, afirma.

Becker lidera, em parceria com o Naval Research Laboratory, o desenvolvimento de um sistema de alerta antecipado, projetado para detectar tempestades solares perigosas antes que atinjam a Terra.

Segundo o pesquisador, o tempo de reação é curto: de dois a quatro dias, no máximo, após uma EMC potente. Esse é o período que governos, empresas e instituições teriam para tomar medidas e reduzir os impactos.

Quando as nuvens de plasma atingem o planeta, o campo magnético terrestre atua como escudo, desviando parte das partículas. Mas essa interação também pode gerar um excesso de carga elétrica, que percorre cabos e estruturas metálicas até o solo — e é aí que mora o perigo.

Proteção limitada e risco de colapso

Becker adverte que os sistemas de aterramento, considerados uma camada de segurança, podem não ser suficientes.

“Conduzir correntes indutivas para a superfície da Terra pode ter um efeito oposto, resultando na possibilidade real de danificar o que originalmente estava seguro”, explica.

Ele acrescenta que os equipamentos eletrônicos modernos, especialmente os ligados à internet, são extremamente sensíveis:

“Se colocar isso no contexto do auge da internet, com seus eletrônicos muito delicados, é algo que poderia fritar o sistema por semanas ou meses. Imagine todos os servidores, roteadores e centrais de comunicação inutilizados ao mesmo tempo.”

De acordo com o professor, há cerca de 10% de probabilidade de que uma supertempestade solar realmente grande aconteça na próxima década, com potencial de interromper comunicações, redes elétricas e até derrubar parte da internet global.

Corrida contra o tempo

Enquanto novas tecnologias de monitoramento solar são desenvolvidas, cientistas reforçam a importância de preparação e resiliência tecnológica. A criação de sistemas de redundância, o fortalecimento de infraestruturas críticas e o investimento em alertas globais coordenados são as principais recomendações.

Afinal, se o Sol decidir agir, a humanidade terá apenas alguns dias para se proteger, e nenhuma chance de desligar o universo digital a tempo.

Foto: Pexels

 

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