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Mais de 120 mortos: especialistas criticam operação mais letal do Rio

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O Rio de Janeiro contabiliza dezenas de operações policiais com alta letalidade, a maioria na zona norte da cidade, o que demonstra a dificuldade do estado em lidar com o crescimento do tráfico nas últimas décadas.

As cenas de guerra vão ficar na memória dos moradores dos Complexos do Alemão e da Penha, local da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, ocorrida na última terça, 28 de outubro, e que deixou mais de 120 mortos.

O governo do estado diz que a operação foi planejada há um ano, mobilizou 2.500 policiais civis e militares e teve como objetivo cumprir mandados de prisão contra integrantes do Comando Vermelho, a maior facção do estado.

A população ficou sem transporte e no meio do fogo cruzado.

Para o pesquisador Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da UERJ, uma operação com tantos mortos é considerada uma catástrofe em qualquer país do mundo:

“É uma catástrofe….Mas, para nosso governador, aparentemente é um grande sucesso, né? Ele apresentou como um recorde positivo na história do Rio. Eu queria ver como ele vai convencer as Polícias de que uma operação com quatro policiais mortos é um sucesso. Então, por um lado, é uma coisa de uma dimensão que nunca vimos até agora. Enquanto a gente não sair desse modelo, a gente está condenado a repetir.”

A política de segurança pública no Rio de Janeiro prioriza o confronto, uma estratégia muito criticada por pesquisadores e especialistas na área. O professor de sociologia José Cláudio Souza, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, explica que isso vem desde a ditadura militar.

“Isso vem desde a ditadura empresarial militar de 1964. Ele tem uma face legal e ilegal que se combinam. Então você tem toda essa estrutura violenta, institucionalizada e apoiada pela lei.  Então, o que nós assistimos ao longo do tempo é um crescimento de uma, de uma retaliação, de uma resposta de grupos armados não estatais.”

Para José Cláudio Souza, é preciso articular um conjunto de políticas públicas :

“Achar que você vai colocar na mão de um policial ou de uma estrutura policial institucional, em uma corporação, a responsabilidade para resolver as várias questões que estão por trás da lógica da violência. Isso é uma estupidez, não existe. Essa Você tem que articular um conjunto de políticas públicas que permitam o avanço naquela região, outros países fizeram isso.”

A segunda operação mais letal da história do Rio ocorreu em 2021 na Favela do Jacarezinho e resultou em 28 mortes, que é cerca de 25% do número de mortos na operação desta semana.

Na Vila Cruzeiro, em 2022, foram 24 pessoas mortas. Em 2007, uma outra operação no Complexo do Alemão deixou 19 mortos. Ações em Senador Camará, em 2003, e Fallet-Fogueteiro, em 2019, registraram 15 mortes cada.

*Com informações da repórter de Alessandra Lago da TV Brasil.

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