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Polícia Federal desmantela esquema de lavagem de dinheiro via fintechs ligado ao Comando Vermelho no Amazonas

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira (6), a Operação Xeque-Mate, com o objetivo de desmantelar o principal núcleo de comando do crime organizado no Amazonas, vinculado ao Comando Vermelho (CV). A ação resultou na prisão de três pessoas em Manaus, entre elas a esposa de um dos chefes da facção, além do cumprimento de mandados no estado de São Paulo e bloqueio judicial de bens avaliados em R$ 122 milhões.

Segundo as investigações, a quadrilha era liderada por um brasileiro que vive sob identidade falsa na Colômbia, de onde articulava operações financeiras e coordenava o tráfico de drogas internacional. O esquema contava com a colaboração de brasileiros e colombianos, e utilizava tecnologias financeiras ilegais para lavar grandes quantias de dinheiro obtidas com o tráfico.

O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, João Paulo Pimentel, afirmou que o foco da operação é atingir o coração financeiro e estrutural da facção.

“De R$ 122 milhões em bens, dá para ter uma ordem da Justiça Federal. O objetivo dessa operação é desarticular a principal organização criminosa do Amazonas e promover a prisão das lideranças do crime. São as duas estratégias principais no combate ao crime organizado e ao tráfico internacional”, explicou.

A Operação Xeque-Mate é um desdobramento das operações Torre 1, 2, 3 e 4, que tiveram como alvo o chamado “tribunal do crime” no Estado. Desta vez, a PF aprofundou as investigações financeiras, revelando um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro baseado em fintechs, empresas de fachada e transferências disfarçadas em aplicativos de pagamento alternativos, fora do sistema bancário tradicional.

De acordo com Pimentel, uma das fintechs utilizadas pela organização operava de forma clandestina e levava o nome de “Carto”, uma referência à palavra cartel. O objetivo era burlar as regras do Banco Central e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), permitindo movimentações milionárias sem fiscalização.

O principal operador financeiro da facção já havia sido investigado na Operação Fly Gold 2, que apurou um esquema de garimpo ilegal no Pará. Naquela ocasião, estimou-se que cerca de R$ 4 bilhões foram movimentados de forma ilícita por meio de ouro extraído ilegalmente.

Parte dos recursos identificados agora pela PF foi convertida em criptoativos e transferida para a Colômbia, onde o líder da organização, utilizando documentos falsos, emitia ordens e coordenava ações à distância. Essa estrutura, segundo os investigadores, é semelhante às utilizadas por cartéis internacionais.

Além do uso de tecnologia e empresas de fachada, os chefes da facção também mantinham um estilo de vida luxuoso. Com o dinheiro do tráfico, frequentavam resorts internacionais, realizavam cirurgias plásticas e compravam imóveis de alto padrão.“Mais de uma pessoa realizou cirurgia plástica. Temos esse indício nas investigações. Essas cirurgias parecem ter sido feitas na Colômbia, e há registros de encontros entre traficantes na ilha de San Andrés, um destino turístico muito conhecido”, revelou Pimentel.

A operação contou com o apoio de autoridades colombianas e cooperação entre forças de segurança federais e estaduais, que possibilitou o rastreamento de ativos e a execução dos mandados em diferentes regiões. Segundo o superintendente, essa articulação internacional foi essencial para o sucesso da ação.

O secretário de Segurança Pública do Amazonas, Vinicius de Almeida, também destacou o impacto da operação sobre o crime organizado.

“Quebrar o financiamento criminoso é fundamental para desarticular a ação dos criminosos. Sem recursos, as facções perdem sua capacidade de operação e expansão”, afirmou.

Fonte: AM POST.

 

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